quarta-feira, 8 de março de 2017

Pesquisinha marota

Há dias em que me vou mesmo abaixo. Se calhar é por o E. estar em Paris e eu ter mais tempo para
pensar. Estou para ir dormir e resolvo fazer só aquela pesquisinha marota à net: ler uns testemunhos, animar-me um pouco com casos como o meu que acabaram bem, informar-me. A verdade é que acabo sempre em lágrimas. Das silenciosas, que deslizam pacificamente pela cara abaixo. Não sei como tanta gente o consegue, não parece ser nada fácil. Parece quase impossível até. E acho que nunca quis tanto estar enganada.
Quando soube da minha irmã senti-me tão feliz e tão miserável ao mesmo tempo.

domingo, 29 de janeiro de 2017

Sou uma pedra

Nada acontece. Não sinto nada. Sou uma pedra. E já é o 50º dia. Não sei o que fazer, o que pensar, o que sentir. Não sei quanto mais tempo devo. esperar até ir a um médico. Escrutino a internet à procura de respostas mas tudo o que encontro é um abalo à minha esperança. Além disso hoje fiquei tristíssima com o que a M. me contou.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

47 dias

47 dias. E só hoje me apercebi porque as minhas contas por alto - mesmo mantendo uma distância forçadamente saudável do calendário, acabo por decorar as datas e fazer as contas de cabeça - estavam erradas. Pensava que ia no 36º dia e, de repente, dei por mim a pensar que tinha feito mal os cálculos e que ia era no 47º. E ainda bem que assim foi, sempre foram menos uns dias sem o coração a saltar-me fora da boca e sem perscrutar, obsessivamente, sinais corporais. Alguns, chego a acreditar que é a minha mente que os fabrica. E agora? Será a melhor notícia, a pior ou simplesmente a má? Merda. Esperar foi coisa que nunca me assistiu.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Só peço força

A sério? Até a H. Desde setembro. Ultimamente o mundo conspira contra mim. E quanto mais acho que não posso, que não vou conseguir, mais quero. E é tão duro! É como quando se aprende uma palavra nova: vêmo-la em todo o lado. Para já só peço força. Entretanto, estou na merda. Vou dormir.

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

"O que tiver que ser, será"

Quase a um mês de ter recebido aquela notícia, estou mais calma. Quer dizer, ainda hoje chorei. Não queria mesmo nada mas foi impossível evitar. Estava a tentar não fixar a médica, a engolir em seco a ver se aquele sufoco me passava mas assim que tive que pronunciar uma palavra, o choro que já se adivinhava aconteceu. Ainda assim, acho que posso dizer que estou mais calma hoje.
As palavras sinceras e de conforto da M. relativamente a este assunto ajudaram bastante. Até ver é a única amiga com quem me abro a 100%, sem máscaras, sem maquilhagem. É a amiga que me quer genuinamente bem a mim e ao E., que não compete comigo, que me compreende.
Traçámos um plano. Até ao meu próximo aniversário, vou estar descontraída. Não vou olhar obssessivamente para o calendário - até porque não me vale de muito - e vou tomar aquilo que me mandaram tomar. Depois logo verei. Como diz a M., como quem fala descontraídamente de uma viagem ao México na época das monções: "o que tiver que ser, será".

sábado, 22 de outubro de 2016

Aconteceu

Estou a viver o meu maior pesadelo. Aconteceu. Foi há dois dias. Uma ecografia e a cara da médica a olhar para o maldito ecrã. Eu li a cara dela, a cara dela foi um certificado daquilo que eu, desde sempre, soube. E não me vou esquecer de como me consegui aguentar apesar de as lágrimas cairem, (nada as podia amparar). Não sei como, não sei porquê, mas sempre soube que ia acontecer. Porquê? Porquê eu? Porquê a mim? Logo eu que sempre respirei saúde. E afinal isto nasceu comigo. Sinto que o mundo está a desabar. Sinto-me a sufocar, sinto-me perdida, sinto-me tão perdida. E o pesadelo intensifica-se. Isto vai destruir o nosso casamento? Por que desejo tão fortemente isto agora? É porque sei que vai ser difícil de alcançar?
Deixem-me chorar, deixem-me gritar, deixem-me sentir revoltada, assustada, confusa, triste. Parem de me dizer que isto não significa nada, que não é grave, que está tudo bem, que há quem tenha isto e consegue. PAREM. Parem de fingir que isto é algo que alguma vez alguma mulher não se importaria de ouvir.
E sinto-me sozinha, tão mas tão sozinha. Não apenas neste sofá às escuras. Tenho que fingir que está tudo bem, tenho que parar de pensar nisto, não "passar o dia todo a falar deste assunto". O E. já se sente pressionado e só sabemos disto há dois dias. Preciso de fingir que está tudo bem. Caso contrário, jamais conseguiremos.